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O presente Webinar foi moderado pela Professora Helena Freitas da Universidade de Coimbra, e estiveram presentes como oradores, o Dr. Nuno Lacasta representante da Agência Portuguesa do Ambiente, a Dra. Sofia Santos representante da SystemicSphere, o Dr. Fernando Leite da Lipor e a Eng.ª Sofia Figueiredo da Veolia.
O Dr. Nuno Lacasta refere que o Pacto Ecológico Europeu continua a ser a estratégia europeia de crescimento, sendo os principais desafios a competição das tecnologias estabelecidas / mais poluentes; o Financiamento da transição, agora apoiado por múltiplos programas lançados no contexto do Pacto Ecológico Europeu e do Green Recovery Plan; e na digitalização / inteligência artificial / big data. Menciona que a convite do Primeiro Ministro, Eng.º António Costa e Silva está a preparar uma proposta de plano estratégico de recuperação para Portugal, a 10 anos, com objetivos a curto, médio e longo prazo. A proposta inclui 4 eixos estratégicos todos eles relevantes para as tecnologias ambientais, nomeadamente, qualificar / modernizar as infraestruturas físicas nacionais: redes rodoviária e portuária, incluindo plataformas logísticas, infraestruturas energéticas e de gestão da água (rede elétrica e rede de distribuição de água); acelerar a transição digital: expandir as infraestruturas digitais, qualificar a AP, as escolas, as Universidades, os Centros de Investigação e as PMEs; investir no Sistema Nacional de Saúde: qualificar em termos de equipamentos, recursos humanos e capacidades de investigação e desenvolvimento; e a reconversão industrial e re-industrialização do País, incluindo a reorganização das cadeias logísticas.
A Dra. Sofia Santos refere que, em matérias ambientais, é fulcral “antecipar uma outra forma de gestão” e que o “apoio financeiro do Estado deve ter contrapartidas verdes”. Caso contrário, “já perdemos um pouco esta batalha”. No entanto, a responsável evidencia aquele que tem sido o trabalho da Comissão Europeia (CE) ao longo da pandemia, notando que, a “partir de 2021, o sistema financeiro terá que reportar como serão incluídos os sistemas de sustentabilidade nos seus portfólios”. Por outro lado, a responsável afirma que as exigências sobre as empresas, em termos de “regulamentação, vão aumentar”, referindo que a diretiva já renovada vai também “obrigar as grandes empresas a reportarem as suas práticas de sustentabilidade”. Portanto, uma empresa que lhe faça sentido contribuir para os objetivos ambientais terá de incluir “novas tecnologias”, de forma a “minimizar os impactos ambientais nas outras áreas”, refere, acrescentando que o “setor financeiro começa a entrar de forma obrigada”, visto que será “induzido a estar mais disponível para financiar investimentos em projetos que sejam ambientalmente sustentáveis”.
Já sobre os pacotes de recuperação económica, a Dra. Sofia Santos refere que todos devem ter algumas contrapartidas verdes, “nem que seja a simples exigência de qualquer empresa ser obrigada a reportar anualmente de como está a contribuir para a neutralidade carbónica”. Para a responsável, a obrigatoriedade do “report” deveria ser algo “genérico”, o que implicaria “mais conhecimento às empresas sobre os verdadeiros impactos ambientais” e perceber que, “se nada fizermos, a Covid-19 foi apenas a primavera: teremos invernos bastante mais duros”.
Por seu turno, a Eng.ª Sofia Figueiredo, considera que “acelerar as ambições políticas ambientais” é a melhor forma de contribuir para este processo de retoma. E a crise da Covid-19 veio confirmar que o “nosso instinto de sobrevivência” soube de forma “muito rápida adaptar-se a uma crise que ninguém esperava”, sendo esta uma oportunidade para “agir e contribuirmos para a evolução da economia”. Além disso, a pandemia veio também trazer outra realidade: “Não estávamos a respeitar a questão dos recursos”. E a questão da gestão da água é motivo para a engenheira sublinhar que “estamos muito aquém” daquilo que é preciso fazer. Embora a legislação europeia estimule a “reutilização das águas residuais”, em Portugal “fomos pouco ambiciosos”, visto que só “promovemos a reutilização de água para apenas 20%” das regas e lavagens. “Temos de pensar em muito mais”, considera a responsável, sublinhando que a “escassez de água vai ser um problema emergente”. Sendo Portugal um país tão dependente da agricultura, “não entendo o porquê da nossa ambição não ir mais além destes 20%”, refere, considerando que a meta deveria ser ainda mais objetiva e a “potabilidade” como algo a desejar: “Temos uma imensidão de mar e de água e podemos fazer muito dela”. Para a responsável, os investimentos devem ser centrados em soluções para “transformar a água para consumo”, até porque, à “medida que se vai investindo, a tecnologia vai evoluindo”, originando “novos empregos e de maior qualidade”.
O Dr. Fernando Leite realça a preocupação sobre “se o ‘novo normal’ vai ter as mesmas componentes do antigo”. Aquela que tem sido a última preocupação da empresa de gestão de resíduos prende-se com a “definição de planos imediatos” para se fazer o “ataque” à pandemia. E de todos os cenários que a Lipor tinha previsto, o problema Covid-19 “nunca se tinha colocado”, nem os seus efeitos no “imediato”, afirma o especialista, alertando que, embora o “setor dos resíduos se tenha readaptado nos seus processos de trabalho”, as “1400 toneladas de resíduos que entram diariamente continuaram a entrar” pelo que “foram poucos dias para se criar um novo normal”. Nesta nova realidade, o Dr. Fernando Leite reforça que “há muitas alterações na regulamentação que têm de ser repensadas”, como foi o caso da quarentena nos resíduos: “Não era um cenário que prevíssemos e tivemos que nos adaptar”.
Mas a grande preocupação com que este “novo normal” se tem deparado centra-se na “injeção de dinheiro na economia” para “financiar a indústria” para que “não haja empobrecimento da nossa comunidade”, refere o responsável, sublinhando que a “questão do reportar” será fácil de adaptar àquelas organizações que já vinham a desenvolver estratégias pensadas no ambiente: a Lipor já tem um plano de descarbonização desde 2010”, exemplifica.
Na situação de “terror” com que a sociedade se tem deparado, o Dr. Fernando Leite refere que a “economia não se renova nem levanta se, neste novo normal, não conseguirmos transmitir uma ideia mais positiva” daquilo que é a “cooperação” ou “espírito de solidariedade”. Portanto, ao ser colocado dinheiro nas empresas, “temos de pensar numa nova reindustrialização do país” alargada a outras indústrias como, por exemplo, à “agricultura” ou às pescas”. O apelo deste responsável é que “consigamos ajudar a criar um “novo normal” contra o “antigo normal”.
A Sessão teve uma grande adesão por parte dos participantes, tendo sido um sucesso.
Os interessando poderão assistir à transmissão no canal Youtube da APEMETA AQUI
 
Mais Informações: Raquel Veríssimo raquel.verissimo@apemeta.pt Tel: 21 750 60 00 www.apemeta.pt Fonte: https://www.ambientemagazine.com/

Publicado a 30 de junho 2020