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O Painel da Manhã intitulado “Perspetivas sobre as áreas dos Biorresíduos e Digitalização” foi moderado pela Professora Susete Martins Dias, do Instituto Superior Técnico.
O primeiro orador a intervir foi o  Eng.º Carlos Asseiceiro da Resitejo que começou por mostrar o mapa do potencial da recolha seletiva de biorresiduos, indicando quais os municípios que estão obrigados a fazê-la, que para a Resitejo são Torres Novas, Santarém, Tomar e Entrocamento.
Com base na caracterização dos resíduos indiferenciados e  na taxa de captação, chegou à conclusão que a Resitejo tem um potencial máximo de recolha de cerca de 13.000 t/ano, com um aproveitamento de 25%, o que significa que em termos de quantidade total anual têm para colocar no mercado cerca de 3.200t/ano de corretivo orgânico.
Em relação ao impacto que os biorresiduos vão ter na meta de preparação para a reutilização e reciclagem, cujo o objectivo aponta para uma taxa de 55% em 2025, referiu que atualmente a Resitejo tem uma taxa de recolha seletiva MM de 41% e que para cumprir com a meta têm de acrescentar à recolha seletiva MM cerca de 6.829 t, i.e.,  mais 24% em relação ao total de RU. Tendo em conta a nova formula de calculo a Resitejo alcançaria os 13 % na meta para preparação para a reutilização e reciclagem considerando recolha seletiva MM e os recuperados por via de TMB. Acrescentando o potencial de RUBs valorizados  chega-se à conclusão que apenas se consegue atingir uma meta de 25%. Colocou então a questão, se vai haver ou não metas diferenciadas por sistema em função do potencial de resíduos que cada um tem.
Salientou que o custo da intervenção na totalidade por via do tratamento pode ter impactos diferenciados entre municípios.
Abordou ainda a recolha seletiva porta a porta multimaterial, indicando que pode vir a ser um modelo para a recolha de biorresiduos. Contudo a recolha do potencial de 13000 t/ano previsto terá um custo da ordem dos 146 euros/t pelo que urge, em sua opinião, clarificar e perceber o enquadramento tarifário em termos de metas para cada sistema e se vão ser iguais para todos ou diferenciadas, e cada sistema irá responder de forma a serem cumpridas as metas que estão designadas.
A Eng.ª Filipa Pantaleão lembrou-nos a estratégia que a EGF segue desde longa data, assente em três pilares: Recolha seletiva de resíduos verdes com valorização de resíduos verdes em unidades dedicadas de compostagem aeróbia, nomeadamente na ALGAR (5.000 t/ano) e na Valorsul (8.000 t/ano), recolha seletiva de biorresíduos (restos alimentares) e valorização local de resíduos verdes via implementação/incentivos à compostagem comunitária e sobretudo doméstica contando já com 9.250 compostores distribuídos à população. A EGF procede ainda à valorização da fração orgânica 50.000 t/ano de resíduos indiferenciados no TMB da Valorlis via anaeróbia e aeróbia produzindo composto e para o qual também convergem fluxos de verdes de proximidade.
Atualmente a Valorsul participa conjuntamente com a Câmara Municipal de Lisboa (e diversos parceiros nacionais e internacionais) no Projeto FORCE, que se foca no cluster Lisboa, e no fluxo de biorresíduos, sendo que foram já distribuídos 4000 compostores domésticos e instalados 5 compostores comunitários, sendo responsabilidade da Valorsul a elaboração dos termos de referência para a aquisição dos compostores e pela formação/sensibilização associada à distribuição dos mesmos.
Foram ainda abordados outros dois temas: A separação em sacos de plástico biodegradáveis pelo cidadão e prévia à recolha dos biorresíduos alimentares transmitindo-nos que têm sido realizados diversos testes não se observando qualquer (bio) degradação (mesmo após cinco meses) e que os sacos de plástico quaisquer que eles sejam só aumentam o fluxo de resíduos para incineração ou encaminhamento para aterro e deixando um alerta: cuidado com as mensagens que se passam ao cidadão, não estão a ser bem passadas.
Quanto à monitorização do composto foi observado a necessidade de revisão das metodologias analíticas e frequência exigíveis atualmente considerando a sua ineficácia em tempo útil para a melhoria dos processos nos SGRUs e os elevados custos que lhes estão associados. Não obstante muitos dos laboratórios nacionais não estão certificados, invocando os custos elevados da certificação face à diminuta quantidade de análises.
Mencionou que a transformação digital em curso na Valorsul permite gerir toda a operação de recolha com maior EFICIÊNCIA e aumento de PRODUTIVIDADE. Resumidamente possui uma Plataforma que agrega toda a informação recolhida das diversas fontes de dados, sendo que a solução permite gerir todo parque de contentores, a operação ao nível da manutenção, a operação ao nível dos recursos humanos e uma gestão eficiente de toda operação de recolha seletiva. (Todos os contentores com RFID; Colocação de sensores de enchimentos em locais estratégicos; Estimativa de enchimentos com base no histórico; Efetuar rotas dinâmicas – dos 3 fluxos – reduzindo custos; Calendarizar manutenção e lavagens de contentores, em tempo real).
Seguiu-se a Professora Madalena Alves da Universidade do Minho que apresentou um exemplo de separação de resíduos em como, Itália (2015), onde a separação e recolha seletiva eram regra, incluindo para os bioresíduos. De acordo com as regras, os resíduos indiferenciados tinham de ser colocados num saco transparente, ao contrário dos restantes fluxos que eram colocados em sacos coloridos, o que, segundo as entidades gestoras resultou numa redução de 10% da produção de resíduos indiferenciados.
A especialista apresentou o exemplo do projeto de recolha de bioresíduos em Viana do Castelo, como um bom exemplo em termos de implementação e de objetivos atingidos, que tem garantido uma boa qualidade dos bioresíduos recolhidos que são encaminhados para a CVO da Lipor. Em 22.000 habitações da zona urbana foram distribuídos pequenos contentores para bioresíduos, munidos de uma chave eletrónica, que quando se aproxima do contentor coletivo mais próximo da habitação aciona a abertura automática do mesmo. Os bioresíduos são depositados sem saco. Há monitorização das quantidades depositadas em cada contentor coletivo e respectiva alocação à população servida.
A importante questão da regulação do mercado de biometano em Portugal e a necesidade de garantia a longo prazo das tarifas para confiança dos investidores foi também referida.
De grande relevância é a integração das regulamentações dos resíduos com incentivos que atravessam o setor da energia renovável (tarifas bem estruturadas para eletricidade mas sobretudo para biometano a partir do biogás e respectivas garantias de longo prazo), o setor agrícola (fertilizantes orgânicos) e incentivos à inovação tecnologica e social.
Em relação a projetos inovadores na área dos bioresíduos foram referidos dois exemplos: o projeto FISCH4 de produção de ingredientes para alimentação piscícola a partir da produção de proteína bacteriana metanotrófica, usando biogas como substrato e o projeto Multibiorefinery, com a produção de bioplásticos a partir da fração líquida do digerido de um processo de digestão anaeróbia de bioresíduos. Projetos em colaboração entre várias universidades Portuguesas, incluindo a Universidade do Minho e a Universidade Nova de Lisboa, neste último tema em particular.
A moderadora da sessão alertou para a publicação recente do Mapa dos Produtores de Biometano na Europa e respetivas interligações às redes de gás: European Biomethane Map 2020.
O Eng.º João Graça e o Dr. Telmo Machado da Lipor abordaram a estratégia da Lipor para os Bio Resíduos começando por salientar que consideram que o fluxo de resíduos verdes tem elevado potencial, mas que tem sido esquecido na estratégia nacional. Não obstante a estratégia para os biorresíduos da Lipor compreende uma abordagem integrada e de acordo com a seguinte hierarquia: 1) Redução na fonte e reutilização (Prevenção); 2) Tratamento local (compostagem caseira, comunitária e parques de verdes); 3) Tratamento centralizado (Compostagem e Digestão Anaeróbia).
A Lipor preconiza ainda processamentos diferenciados consoante a origem dos Bio Resíduos:- resíduos verdes: compostagem na CVO e em parques de compostagem de resíduos verdes preferencialmente próximos do local de produção dos mesmos;- resíduos alimentares: tratamento local, compostagem na CVO e Digestão anaeróbia integrada com upgrade do biogás a biometano (melhor aproveitamento da energia) e produção de bioprodutos com valor acrescentado a partir do digerido.
Numa óptica de up cycling na circularidade de bioprodutos a LIPOR salientou que as unidades de compostagem e digestão anaeróbia (futura) apresentam excelentes oportunidades de criação e comercialização de novos produtos de elevado valor acrescentado. Para o sucesso da estratégia a Lipor considera ser importante assegurar matéria prima de qualidade (recolha de alimentares criteriosa, agricultura, verdes).
Foi ainda abordada as diferentes etapas em curso visando a  Digitalização plena na Lipor, nomeadamente ferramentas de medição; implementação de data center e processamento de  informação sobre recolha e projetos de prevenção e tratamento local; compostagem caseira – sensorização de compostores em desenvolvimento, desde 2015, salientando que  “não é fácil, mas estamos a chegar a bom porto”.
O Eng.º Luís Capão da Cascais Ambiente começou por abordar a necessidade de maior eficácia na recolha de resíduos, em geral, salientando que a mesma exige a integração das recolhas  “Seletiva e indiferenciada” num mesma entidade independentemente da sua tipologia (Baixa ou Alta)e que só com esta integração se consegue ganhar escala, melhorar os serviços prestados ao cidadão e chegar à eficiência financeira. Acrescentou ainda que os serviços de limpeza urbana também devem estar integrados com a recolha.
Quanto aos Bio Resíduos considerou fulcral que a Estratégia nacional de biorresíduos, que o Governo anunciou para breve, tenha uma grande enfoque na prevenção da produção de Bio resíduos  e que a  sua recolha seletiva deve ser separada  da recolha de verdes.
Na Estratégia da Cascais Ambiente transmitiu-nos que o projeto de recolha seletiva de Bio Residuos em sacos de plástico juntamente com os resíduos indiferenciados vai ser alargado em Cascais, passando a abranger mais de 10 mil habitantes e que o projeto está a ser articulado com a Tratolixo e os restantes municípios da sua área de abrangência – Mafra, Oeiras e Sintra – que vão também iniciar projetos pilotos com esta solução, mobilizando ao todo mais de 45 mil habitantes dos 4 concelhos. Além dos custos serem mais baixos do que as outras soluções existentes no mercado, prevê também que este seja um meio mais fácil de implementar a recolha seletiva em termos políticos e sociais. Em curso está o desenvolvimento de uma avaliação técnica, económica e ambiental deste modelo, que será divulgada a breve trecho.
Quanto ao recurso à Digitalização para a gestão dos resíduos lembrou que esta começou na Cascais Ambiente em 2015 com o programa Smart Waste Management. O sistema inteligente foi agregando depois serviços da limpeza urbana (varredura manual e mecânica, recolha de objetos fora de uso, recolha de verdes), gestão da frota, etc, numa plataforma multisserviços – hoje, Cascais Business Intelligence – que recebe dados do sistema de sensorização, dos veículos de recolha, dos colaboradores no terreno e da população (através da aplicação móvel, Fix Cascais). O Cascais Business Intelligence permite hoje ter informação em tempo real, perspetivar tendências e preparar estratégias a médio e longo prazo.
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