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Com a realização das Manhãs da APEMETA sobre Têxteis foi possível concluir que a cada segundo estima-se que seja desperdiçado o equivalente a um camião de lixo de resíduos têxteis! Destes resíduos, há uma parte que é colocada em contentores para reutilização, mas a grande maioria vai parar aos contentores do lixo indiferenciado, que acabam por ser encaminhados para aterros sanitários ou incineração. Em Portugal, deita-se fora cerca de 200 mil toneladas de têxteis por ano, segundo dados da APA, uma média de 4% dos resíduos urbanos produzidos.
Por um lado, temos uma produção excessiva que faz com que roupas fiquem paradas em stock, ocupando espaço, que muitas vezes levam as marcas a procurar soluções através da sua eliminação (em aterros e incineração) para poderem dar lugar a novo stock de roupa. Por outro lado, a cultura do “fast-fashion” levou ao aumento do consumo de roupa que, pelos custos acessíveis, potenciou o crescimento desta procura em 60%, desde o ano 2000. Curiosamente, apesar de se comprar cada vez mais roupa, cada vez se usa menos essa roupa, na medida em que quem compra usa cada uma das peças poucas vezes, antes de a descartar.
Numa indústria que já se apresenta como a 4.ª mais poluidora do Mundo, apenas 2% dos resíduos têxteis vão para reutilização em organizações de solidariedade social e menos de 1% do material utilizado para produzir vestuário é reciclado, num universo em que mais de 80% das fibras não são, para já, recicláveis. Apesar de pouco expressiva, 90% da roupa usada recolhida tem sempre destino, 50% é reutilizada e 37% é reciclada.
Pretende-se mudar o paradigma de uma indústria tendencionalmente linear para uma atividade com mais circularidade. Foi nesse sentido que a Fundação Ellen Macarthur lançou o relatório “A Economia Têxtil: Redesenhando o Futuro da Moda”, que explora a importância da indústria da moda em adotar esta nova visão e promove colaborações entre organizações para que seja possível alcançá-la. Este relatório chama igualmente à atenção para o consumo de 98 milhões de toneladas de recursos não renováveis, como por exemplo fibras sintéticas, algodão ou tintas, assim como o consumo de cerca de 93 mil milhões de m3 em água por ano, para além da poluição causada pela produção e uso dos têxteis mais comuns na moda, como os estimados meio milhão de toneladas de microplásticos – o equivalente a mais de 50 mil milhões de garrafas de plástico – despejadas nos oceanos anualmente associado ao tratamento e lavagem das nossas roupas de poliéster, o que torna este facto preocupante na medida em que o poliéster é hoje a fibra mais usada na indústria da moda e a que é descartada mais rapidamente para a indústria da reciclagem.
Muito preocupados com os problemas ambientais, como por exemplo o da indústria têxtil, mas pouco disponíveis para mudar os hábitos de consumo, são as conclusões do último relatório do Eurobarómetro, que mostra que 60% da população inquirida assume que a roupa deve ser disponibilizada a baixo custo independentemente do impacte ambiental.
O futuro apresenta mudanças para breve, com a introdução da obrigatoriedade de recolha de resíduos têxteis a partir de 2025, no qual se equaciona sobre a possiblidade de organizar o setor através do processo de responsabilidade alargada do produtor, ou seja, recorrendo a uma entidade gestora.
Mais Informações: Raquel Veríssimo comunicacao.imagem@apemeta.pt www.apemeta.pt
Publicado a 26 de março 2020