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” Sou engenheiro químico de formação e de prática profissional, estando ligado ao mundo do controlo de poluição provocada por partículas finas desde o meu doutoramento, concluído em 1981.Pensei um pouco no assunto e não consegui fugir do tema mais em voga: COVID-19,  doença provocada pela infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2. No fundo, vírus são partículas de dimensões nanométricas, de 50-200 nanómetros em diâmetro[1], o que os torna de dimensões comparáveis a partículas muito finas emitidas por processos de combustão, por exemplo em caldeiras de biomassa. Esta é a minha pequena contribuição para um tópico que conseguiu alterar profundamente a vida das pessoas em praticamente todo o mundo.Desde o início desta epidemia, que infelizmente virou pandemia, que assisti com perplexidade a afirmações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Direção Geral de Saúde (DGS) sobre a não-recomendação do uso de máscaras como meio de proteção e/ou de não-proliferação do vírus, invocando uma série de ‘razões’ que nunca compreendi.Como ainda ouvi hoje na televisão, na habitual conferencia diária da DGS, um responsável afirmou, e muito bem, que todos somos agentes de saúde pública, pelo que temos quer direitos enquanto cidadãos contribuintes, quer deveres enquanto membros da comunidade.Soluções industriais para captura de partículas muito finas não há assim tantas, conheço bem filtros de mangas e electrofiltros, eventualmente ciclones coadjuvados com forças elétricas. Para o uso em pessoas, as máscaras individuais funcionam com os mesmos princípios físicos de retenção de partículas em filtros de mangas, e são, a meu ver, a única solução possível para, na prática, proteger cidadãos do contágio de vírus. Podemos sempre falar de outras medidas, como isolamento temporário, mas que por si só não são solução, precisamente pelo isolamento ser temporário e as pessoas terem de continuar a viver, sair para comprar alimentos ou fármacos, trabalhar, etc…Fiquei assim perplexo pela atitude tomada pela OMS e seguida cegamente pela DGS sobre a não-recomendação do uso de máscara individual, e apenas a posso atribuir à falta deste material protetor, devendo este ficar reservado para os profissionais de saúde.Mas esta atitude, atrevo-me a afirmar, foi lesiva da saúde de muita gente, tendo provavelmente levado ao aumento de infeções e mortes daí consequentes. Frases como…se as pessoas quiserem usar máscaras podem fazê-lo…não deviam poder sair da boca de altos responsáveis de saúde publica.Isto leva-me a outro ponto muito interessante mas sobretudo preocupante. Hoje de manhã na rádio, um ouvinte zangado dizia que, como não vivemos num estado ditador, não nos podiam obrigar a usar máscaras de proteção. Que se alguém as quiser usar  tudo bem, assim fica protegido (do contágio dos outros). Ora isto está de facto invertido, esta frase mostra uma perceção completamente errada do problema.Como recentemente referiu a Doutora Mariana Sottomayor no programa Prós e Contras[2] temos de ter a consciência e o medo de transmitir o vírus, pelo que a máscara deve ser antes de tudo meio para proteção dos outros. Claro que se os ‘outros’ pensarem do mesmo modo, estaremos todos protegidos e o fim da pandemia estará à vista. Esta atitude nunca foi propagandeada pelo OMS ou DGS, bem pelo contrário, o que a meu ver é negligência de quem não pode ser negligente.Mas afinal há ou não máscaras para suprir as necessidades? Aconselho vivamente a visualização de um trabalho de compilação e interpretação de Tomas Puyeo [3], com formação em Engenharia, onde se ensina como fazer máscaras (em 40 seg) de tecidos vulgarmente encontrados em qualquer casa, com eficácias de filtração entre 60-90% (ver Fig. 1).