Em dezembro de 2013 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução que declara o dia 5 de dezembro como o Dia Mundial do Solo e simultaneamente o ano de 2015 como o Ano Internacional dos Solos.
É uma excelente oportunidade para refletir sobre a importância deste recurso natural na sustentabilidade da vida no planeta e as suas principais funções das quais destacamos, entre outras, a segurança alimentar, a produção de energia, a regulação do ciclo hidrológico, a proteção das águas superficiais e subterrâneas, a sustentação às edificações e a conservação da biodiversidade.
O solo é um elemento fundamental para a sustentação, sustentabilidade e sobrevivência do homem na face da terra. Porém, as atuais discussões sobre o binómio homem-natureza dão particular atenção à biodiversidade, clima e água, deixando para segundo plano o solo como meio capaz e insubstituível de sustentar a vida no planeta ameaçado como é pelas diversas práticas predatórias do homem.
Perdem-se anualmente milhões de toneladas de solo, nas diversas formas de uso desse recurso natural, provocando nos rios elevadas concentrações de sedimentos, poluindo-os, aumentando o custo do tratamento da água para uso humano, animal e industrial. Um olhar mais atento permite identificar, em praticamente todas as regiões, muitos problemas decorrentes das práticas predatórias do homem, quer seja no meio rural ou urbano.
Dada a importância do solo, é urgente alertar que é extremamente frágil e por isso passível de degradação. O solo é um recurso finito, carrega consigo milhares de anos de história, que pode ser irreversivelmente destruído ao se abdicar da atenção necessária por incúria, ignorância ou inaceitáveis opções muitas vezes validadas pelas administrações locais ou central.
Estas constatações justificam plenamente a existência de um dia especialmente dedicado ao solo e justificam que o ano de 2015 seja considerado pelas Nações Unidas o Ano Internacional dos Solos.
É tempo de reconhecer ao solo o seu papel fundamental no campo das preocupações ambientais e do desenvolvimento sustentável. Imprensa, governos, gestores ambientais e professores, designadamente de escolas básicas, devem colocar o solo na agenda das suas perceções, ações e compromissos.
O grande desafio é abrir uma discussão sobre o papel do solo na sociedade atual, não somente na agricultura, mas também quando se discutem desastres naturais, recursos hídricos, planeamento rural e urbano, mudanças climáticas, aquecimento global, segurança alimentar, entre tantos outros.
Demasiadas vezes não tem sido reconhecida a importância do solo, quando não totalmente ignorado, em diversos fora nos quais deveria ter papel preponderante. Devemos refletir sobre como a investigação em ciência do solo pode realmente vir ao encontro dos anseios da sociedade, contribuindo para que o solo veja reconhecida a sua importância ambiental e o seu incontornável papel no desenvolvimento social e económico mundial.
Que o dia 5 de dezembro fique marcado como um dia de debate que motive investigadores, gestores, agricultores, administração central e local e, principalmente, a sociedade civil, a conceber, planear e executar ações concretas, dando o necessário relevo à ciência do solo e aos cuidados com o uso adequado do solo como fator de perpetuação da vida na terra com qualidade.
Um particular obrigado aos Presidentes do LNEG, Profª Teresa Ponce Leão, do LNEC Eng.º Carlos Brito Pina, presentes na sessão de abertura, às oradoras, investigadoras, Dr.ª Celeste Jorge, incansável na realização desta iniciativa, e Drª Maria João Batista, à professora, auxiliar e aos meninos e meninas da creche do LNEC que deliciaram os participantes com a apresentação de um trabalho coletivo sobre a importância do solo e suas funções.
Publicado a 22 de dezembro, 2014